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Abuso de medicamentos ameaça a vida dos idosos

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Uso indiscriminado de medicamentos é uma das principais causas de internação em hospitais. Cerca de 30% dos idosos que dão entrada em emergências de hospitais nos Estados Unidos são internados pelo mau uso de medicamentos. O alerta é do diretor da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), Rubens de Fraga Júnior. No Brasil, a situação não é diferente. Apesar de não existirem estatísticas relacionadas ao assunto, a automedicação entre os idosos no País também causa muitos e graves problemas aos pacientes. “Costumamos dizer que o idoso tem mania de se automedicar”, diz Fraga Junior. Ele conta que os idosos tomam medicamentos de forma indiscriminada. Por isso, muitas vezes, ficam esquecidos, têm tonteiras, sofrem quedas e a família acha que é normal para a idade. “Na realidade, esses sintomas podem ser reação adversa ao uso errado dos medicamentos, o que pode levar à morte”, afirma. Ele explica que, com a idade, o metabolismo sofre muitas alterações. Isso muda também a forma como o paciente reage ao medicamento. Aos 80 anos, por exemplo, os rins sofrem cerca de 50% de redução no funcionamento. Já no fígado, a perda chega a 40%. Por isso, o tempo de ação da droga também muda. O efeito de um comprimido de medicamento para ansiedade, por exemplo, pode durar uma semana para um idoso. “É preciso cautela. O geriatra é o profissional mais indicado para saber de que forma os medicamentos vão agir nessa faixa etária”, afirma. De acordo com o médico, 30% dos medicamentos vendidos hoje no Brasil são consumidos por idosos. Muitos são inapropriados para pessoas com idade avançada. “Alguns anti-inflamatórios estão ligados a gastrites, sangramentos digestivos e problemas renais, além de insuficiência cardíaca”, diz. Segundo o profissional, um dos erros mais graves cometidos por esses pacientes é repetir a medicação sem consentimento médico. “Não é porque tomou um anti-inflamatório uma vez, por uma dor, que pode tomar em qualquer situação. A escolha depende de vários fatores”. Excesso pode ser a ‘doença’ "Muitas vezes, o mal-estar de um idoso pode acabar apenas com a interrupção de uso de um medicamento”, garante Rubens de Fraga júnior. Ele explica que isso acontece porque quanto mais medicamentos o paciente usa, maior a chance de efeitos adversos, ou seja, maior a chance de intoxicação. “Por isso, é tão importante que todos os médicos do paciente saibam que medicamentos ele toma”, alerta o especialista.

Autor

Dr Rubens de Fraga Junior

Dr Rubens de Fraga Junior

Geriatra

Especialização em Geriatria e Gerontologia no(a) Sociedede Brasileira de Geriatria e Gerontologia.